• no meio da noite
    apareceste
    como criatura celeste
    de pernas e suspiros demoníacos
    dois maníacos
    teus cabelos
    tua bunda
    uma peste!
    entre a meia noite
    puseste
    todo o meu tesão em tua boca
    na tua língua passando tarada
    tua voz arrastada
    estico-te em cima da mesa
    eu teso
    na calada da noite
    só a noite calada
    nós
    do outro lado da noite
    desgraçando o silêncio
    numa foda indomada 

  • te chupar é aquarela
    minha língua é pincel
    sua boceta é tela

  • um sexo às pressas, no vapt-vupt, no pega-pra-capá, 
    aquele corre-corre, pega-pega, na hora H
    é gostoso, saboroso, apetitoso em várias formas e ocasiões
    não há como negar

    mas uma sincronia sexual
    aquela harmonia
    os corpos se batendo lentamente ou fortemente
    provoca melodia
    de noite, de dia

    quando encaixa!

    quem liga?
    o importante é quando a gente se liga.

  • a minha boca enche-se de saliva
    vontade caminha entre os dentes
    primeiro passo
    é deixar-te extasiada, umedecida
    vontade ganha estado tocável, sólido
    veemente
    quero expandir os limites
    quero que grites
    e que seus gritos, gemidos
    seus sons abafados no meu ombro
    nos deixe ainda mais unidos
    depois
    desmontamos
    viramos escombro
    fingimos um vulcão inativo

    só fingimos.


  • Eu nunca sei quando começa
    E nunca sei quando parar
    Tesão não escolhe hora nem lugar

  • à tarde
    os temperos ficam mais fortes
    e o paladar ainda mais aguçado
    meu faro desnorteado
    encontra teu cheiro vindo da janela

    vejo-te como és
    como aquarela
    nua
    obra prima
    em tesão absoluto

    você por cima
    eu escuto
    as tais melodias ovidianas

    moralistas, perdoai
    comi ela na varanda

  • me vi ali
    atrás da porta
    atado
    a sentir o sabor do seu cheiro
    que vem da fresta

    imagem tua
    em espuma
    me sequestra
    a razão

    vejo que teu sabor
    vem com uma cor de não
    vejo que teu sabor nem ali está
    nem te vejo

    acordo coberto de desejo
    é tudo que disponho

    não havia porta de fato
    eu havia te olhado
    pela fresta de um sonho

  • um dia
    sobrevoar teu corpo
    em noites como as do mês passado
    não me bastará

    chegará o dia
    em que teu corpo
    exarcado
    vai bater na minha porta
    dizendo
    estou com muito frio!
    e que meu calor
    é um convite pro teu cio

    eu vou querer-te assim
    inteiramente molhada

    nem vou pedir que você pelada
    a sua camisa colada
    os seus seios saltitantes
    é uma voz calada
    suavemente excitante

    enrijeço
    endureço
    te apeteço
    dos meus olhos
    saem avisos alarmantes

  • gosto de acreditar
    que seu corpo é uma folha exposta
    em minha cama
    que tua pele é resposta
    e me inflama
    faz do meu pau
    caneta sobrenatural
    para escrever poesias
    aonde a carne é mais quente
    aonde a minha tinta derrama
    nos seus seios
    por entre as suas pernas
    a minha voz
    escorrendo pro seu ouvido
    o meu tesão esteve escondido
    e agora te banha
    como folha
    o espaço você me cede
    diz pra eu escolher o lugar
    mas eu prefiro gozar
    aonde você me pede

  • antes de amanhecer o mundo
    amanhece no reflexo
    das suas pernas
    promessas eternas
    na cor da sua calcinha
    de costas pra mim

    eu vejo o mundo daqui
    e acordo assim
    pra me certificar de que a noite
    anoitecerá nas sombras
    das suas coxas
    da tua mão em nuvem

    vem
    a noite será
    hora do juízo dormir
    hora do meu desejo acordar